Ratos e
ratoeiras
À primeira vista, o humilde mouse pode não parecer uma obra de arte tecnológica. Entretanto, olhe novamente com mais atenção.
Geralmente, o mouse é visto como um periférico indefinido do computador. São apenas onze centímetros de plástico presos à sua mão quase o dia todo. Existem vários mouses interessantes disponíveis, mas, no geral, eles não costumam se destacar muito. Como tais, não é estranho que você nunca tenha parado para pensar na maneira como funcionam. Então, aproveite a leitura e descubra um pouco mais sobre a vida desse camundongo.
A primeira aparição do mouse foi em 1968, quando Douglas C. Engelbart demonstrou seu antigo sonho. Era um sistema composto por uma tela e um microfone que se prendia à cabeça do usuário, controlados por um teclado e um mouse. Até os usuários começarem a trabalhar com interfaces gráficas, o mouse não era muito popular. A Xerox foi uma das primeiras empresas a utilizar o mouse em sua interface gráfica (GUI), fornecendo uma "inspiração" para a Apple. A GUI da Apple exigia que o mouse fosse desenvolvido com maior agilidade de manuseio, o que levou ao mouse que utilizamos hoje em dia. O modelo mais comum é o rollerball, que todos nós conhecemos e amamos, mas, como é que o movimento da sua mão é transferido para um cursor na tela do micro?
O camundongo funciona de maneira bem simples. Uma bolinha (rollerball) dentro do mouse toca uma superfície lisa (geralmente uma mesa) e desliza-o para onde quer que ele seja movido. Ainda dentro do mouse, existem dois cilindros que tocam a bolinha em um ângulo de 90 graus de distância de um para o outro. Com o movimento da bolinha, os cilindros também se movem. Um dos cilindros é responsável por detectar movimentos na direção X, e o outro detecta os movimentos na direção Y.
Cada cilindro está conectado a um pequeno bastão com um disco todo perfurado na ponta. Em um dos lados do disco está um LED infravermelho, e do outro lado, está um sensor infravermelho. Conforme o disco gira, as perfurações interrompem a luz emitida pelo LED, então, o sensor detecta apenas pulsos de luz. À medida em que o mouse é movido, a taxa com que os pulsos são recebidos varia, e por meio desse processo é possível calcular a velocidade e a direção nas quais o mouse é movido.
Um processador interno converte esses pulsos de luz em uma forma que possa ser interpretada pelo computador. Esse dispositivo ótico-mecânico é utilizado pela grande maioria dos mouses.
Em qualquer momento que o mouse é movido ou um botão é pressionado, três bytes de dados são enviados ao computador. Os primeiros oito bits são divididos da seguinte maneira:
1 - O estado do botão esquerdo (0 para livre, 1 para pressionado)
2 - O estado do botão direito
3 - 0
4 - 1
5 - Direção X (positiva ou negativa)
6 - Direção Y
7 - Deslizamento X (se o mouse mover mais de 255 pulsos em 1/40 segundo)
8 - Deslizamento Y
Os dois bytes seguintes contêm informações sobre o movimento do mouse nas direções X e Y. Essas informações serão utilizadas caso os sinais sejam transmitidos do mouse ao computador por meio de um cabo, mas, atualmente, os dias do mouse rollerball estão contados. Isso se deve ao constante crescimento dos mouses com sensores óticos, que operam sem a conexão direta de um cabo ao PC. Os mouses sem fio têm sido estranhamente chamados de hamsters, e as informações são transmitidas por impulsos infravermelhos ou ondas de rádio. Em 1999, a Microsoft introduziu o revolucionário IntelliMouse, que estava entre os primeiros a dispensar completamente as partes físicas que reconheciam a posição do mouse. Apesar de não ter sido o primeiro mouse com sensor ótico a aparecer no mercado, o IntelliMouse foi o primeiro a funcionar em praticamente qualquer superfície. Versões anteriores contavam com uma esteira especial para sua aderência. Nos mouses com sensores óticos, a rollerball foi substituída por um pequeno sensor ótico de metal semicondutor (CMOS) e processador digital de sinais interno (DSP). Esse esquema é similar ao encontrado em câmeras digitais.
O sensor ótico é utilizado para capturar imagens digitais instantâneas em alta resolução, com uma taxa de 1.500 imagens por segundo. Essas imagens são comparadas pelo DSP e transformadas em movimentos do cursor na tela do monitor. A precisão do movimento do cursor é alcançada por meio de um processo chamado "Processamento de Correlação de Imagens", o qual executa 18 milhões de instruções por segundo (MIPS).